Artigo de GaúchaZH: Psicologia Análitica e Astrologia

Artigo de GaúchaZH: Psicologia Análitica e Astrologia

Por Rosa Brizola Felizardo, vice-presidente da Associação Junguiana do Brasil AJB e diretora de Comunicação do IJRS.

Psicologia Análitica e Astrologia

Apesar de muitas pessoas entenderem a astrologia como crendice ou mesmo percebê-la como perda de tempo, os signos do zodíaco podem sim revelar muitas características da natureza humana. E, sendo assim, a astrologia é também um campo de estudo da psicologia. Dentro da psicologia analítica, teoria psicológica desenvolvida por Carl Gustav Jung, tudo aquilo que toca o humano é de interesse dos profissionais desta ciência da alma.

O paradigma simbólico proposto por Jung revela que toda a imagem provinda das “profundezas obscuras” da psique, que ele denominou inconsciente coletivo, é a matriz de todo o funcionamento psíquico da humanidade. As chamadas imagens arquetípicas oriundas deste inconsciente maior, quando traduzidas em “linguagem do presente”, dão sentido às experiências vividas, levando à almejada integração psicológica.

Jung ampliou o conceito e o entendimento de inconsciente, em relação a outros teóricos da sua época. Pode demonstrar sem seus estudos, que além da existência de um inconsciente pessoal e subjetivo centrado no ego, somos também dotados em nossa estrutura psíquica de um inconsciente coletivo, uma camada mais profunda, que tem uma dimensão e um caráter humano geral, uma totalidade geradora de conceitos e símbolos. Este chamado inconsciente coletivo, faz com que os povos mais distantes e sem comunicação recíproca, dividam certas representações e conhecimentos. As figuras arquetípicas do herói, do sábio, da criança divina surgem com a mesma força e vivacidade nas comunidades mais remotas da Ásia, assim como nos grande centros urbanos do Brasil. Dialogam com a alma humana.

Assim, a força de Marte, regendo o guerreiro sagitariano, ou a doçura de Vênus fazendo dos cancerianos os mais afetivos companheiros trazem esta linguagem comum, onde nos reconhecemos.

A nossa sempre presente busca, de compreender as vicissitudes da existência e as dimensões que a constituem fazem com que a linguagem mítico simbólica das antigas tradições exerçam grande fascínio sobre as pessoas.

A linguagem da astrologia é composta de uma narrativa basicamente mítica, imagética e simbólica, trazendo um conhecimento que se mostra capaz de explicar as características humanas, podendo ser uma ponte para revelar os complexos processos de subjetividade. Fala dos potenciais de integração pessoal, da busca de si mesmo e do sentido da vida.

Jung, ao nos trazer o paradigma simbólico, incluindo a arte, a mitologia, as religiões e a alquimia no estudo da psique, propõe que o conhecimento da alma, além de incluir a ciência e seus avanços práticos, também tem de trabalhar com o mistério e o desconhecido para abranger a totalidade do fenômeno anímico. Sua proposta é a reunião entre mythos e logos para abarcar o todo. Por mythos, em filosofia, se entende um discurso que se assemelha ao mecanismo do bricolage, isto é, juntando pedaços e partes dos objetos pode se fazer uma nova integração. O pensamento mítico, presente na astrologia, pode fabricar conhecimentos pela reunião e composição de restos díspares e aparentemente desconexos do mundo existente, dando-lhes unidade num novo sistema explicativo, no qual adquirem significado simbólico. O universo dos planetas, na astrologia, dialoga com os mistérios de nossas vidas. Lembra-nos que somos, antes de tudo, natureza.

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